Tratamento – Auriculoterapia

Naquela tarde, minha primeira consulta era às 14 horas, mas fui mais cedo para meu consultório médico para preparar alguns documentos.

Diante da porta do prédio estava estacionada uma ambulância, o que me fez acelerar o passo. No meu andar, no corredor, encontrei o motorista da ambulância e seu auxiliar. Eles acompanhavam uma mulher, com boa saúde, e um homem deitado no chão, ao lado da maca. Parecia ter uns cinqüenta anos; mal via seu rosto, porque ele estava em parte de bruços no chão.

Aquela posição pareceu-me repentinamente insólita. Como a mulher se desculpava de ter chegado antecipadamente, tive a segunda surpresa ao escutar os motoristas dizerem: “nós os viremos buscar daqui a pouco” e, pegando a maca, deixaram o paciente sobre os ladrilhos.

Abri a porta: “O senhor não se importa, doutor, que meu marido entre na sala de espera sem se levantar?” Não entendendo nada, respondi à mulher: “naturalmente”. E vi o homem ir até a sala de espera andando de quatro… sim, de quatro.

Escutei sua história alguns minutos mais tarde. Ele sofria de lombalgia e tinha ido a um médico que, alias, eu não conhecia e que o tinha manipulado 3 dias antes…

Aquilo me lembrou a frase humorística de um colega que dizia que, no inicio de sua carreira, os doentes chegavam a pé e saíam em uma maca.

De fato, aquele doente vinha ver, em meu consultório, um médico que, então substituía-me parcialmente.

À chegada desse colega, não pude evitar de preveni-lo do caso difícil que o esperava.

Ele me pediu para examinar o doente.

O exame mostrava, com evidencia, uma hérnia de disco complicada pela manipulação.

Adverti o doente, impotente há 3 dias, da necessidade de entrar imediatamente em um serviço cirúrgico para ser examinado mais profundamente e para se submeter, talvez, a uma intervenção.

De toda forma, não era o caso fazer uma nova manipulação. Quando muito, podíamos tentar um alívio pela auriculoterapia.

A palpação da orelha mostrava que a parte inferior da antélice estava muito sensível à direita. Detectei com o apalpador por pressão o ponto do ombro, que é um ponto-guia capaz de agir à distância (ver figura).

Foi colocada e estimulada magneticamente uma agulha semipermanente naquele local. Ao final de alguns minutos nenhum milagre se produziu mas o estado, entretanto, tinha melhorado; o doente pode levantar-se, calmamente, apoiando na maca de exame. Dez minutos mais tarde ele se deslocava, enfim, com as pernas e não de quatro.

Esta observação, extremamente encorajadora, mostra as possibilidades da auriculoterapia nos casos que chamamos: casos de urgência.

Fonte: Noções Práticas de Auriculoterapia, p. 135-137